segunda-feira, 31 de agosto de 2015

ENTREVISTA COM UM OLHAR ANTROPOLÓGICO NA EDUCAÇÃO EM DIFERENTES ÉPOCAS.

Esta entrevista foi focada nos resultados obtidos através das entrevistas realizadas individualmente por pessoas com idades diferentes, as mesmas com idades de 20, 42 e 69 anos. Vale frisar que os entrevistados responderam questões vivenciadas em suas vidas educacionais.

Apresentação dos resultados da pesquisa

É importante explicitar que esta entrevista foi embasada na antropologia da educação, visando os aspectos deducionais de cada época, ao longo do tempo. Sabe-se que é de extrema importância conhecer essas realidades para poder existir uma vasta compreensão das mudanças que ocorreram na educação nestes últimos anos.
Cabe frisar, que os entrevistados apresentaram uma diferença educacional totalmente distinta, demonstrando dificuldades em cada época, como também foi possível observar o que cada um vivenciou no espaço escolar, suas angústias, seus medos, enfim, apesar de alguns terem abandonado a escola, outro concluiu com muito empenho.
Cabe frisar, que cada época era diferente, tanto na maneira de ensinar, como também de aprender, o conhecimento se adquiria através de métodos tradicionais, com uma dificuldade gigantesca, condições precárias. Neste contexto, vale frisar que os pais de antigamente queriam ver os filhos trabalhando, o estudo ficava em segundo plano. Nesta ótica, é importante deixar evidenciado que os pais de antigamente achavam que os filhos tinham que crescer logo para se virar na vida, que era considerada dura e cheia de desafios.
Para os pais de hoje, é fundamental que os filhos passem a ter mais responsabilidade e preocupação, para ser responsável e ter que encarar a vida tão difícil, os pais de hoje preferem ver os filhos só estudando, porque trabalhar é assunto para só depois da faculdade.
Nessa perspectiva, fica evidente que mediante as mudanças ocorridas na educação ao longo do tempo as pessoas se apropriaram do conhecimento, mesmo com as dificuldades, o conhecimento era possível, mesmo as limitações, com o passar do tempo foi se adequando a cada realidade.

Antigamente, aprender a ler e a escrever o nome, estudar até a quarta série, deixar de ir a escola porque tinha que trabalhar ou tinham dificuldades de aprender alguns conteúdos, eram situações comuns. A escola antigamente era o lugar daqueles que podiam estudar.
Os pais de antigamente exerciam ao máximo sua autoridade sobre os filhos. Eram autoritários e reprimiam todos os desejos. Pais acovardados e sem autoridade era impensável. Mesmo sabendo que muitos não incentivavam os seus filhos ao estudo.
Conversas sobre a sexualidade antigamente não aconteciam, o professor era apenas um transmissor de conhecimento. Antigamente os pais ricos simplesmente criavam os filhos, o ensino se encarregava de dar uma boa educação aos economicamente privilegiados.
É possível perceber através de relatos que os castigos eram, portanto, uma prática comum, seu uso era legítimo não apenas no universo escolar, mas em todo o processo que envolvia relações humanas, sejam elas entre senhor e escravo, marido e esposa ou pais e filhos, entre outros exemplos, essas práticas não já não eram vistas com tanta naturalidade, pelos menos pelas instâncias de poder, pois não estava de acordo com uma sociedade que se pretendia, civilizada e desenvolvida.
A palmatória, assim como carteiras, livros, quadro de giz e outros objetos, faziam parte da cultura escolar de antigamente. Mesmo após a proibição dos castigos físicos, a palmatória adentrava no século XX como um artefato ainda inserido na cultura material escolar. A palmatória representava um símbolo de poder, de hierarquia, de diferenças geracionais e de instrumento civilizatório.
O emprego da palmatória pode ter diminuído ao longo dos anos, contudo, relatos de seu uso não foram escassos nos encontros que esta busca nos permitiu. pelo menos duas pessoas que ouviram minha conversa afirmaram terem familiares que experimentaram mãos inchadas e doloridas. Uma dessas pessoas foi a senhora Cleide que aos 42 anos de idade, afirmou, ela mesma, ter apanhado de palmatória. “foram seis batidas na minha mão, foi horrível, eu tinha 10 anos! E não adiantava mudar de escola, porque era tudo assim!”
Os pais de hoje se acovardam diante do poder crescente dos filhos. Existem crianças que batem de verdade nos pais e eles não sabem como reagir. Alguns pais de nossa época justificam sua covardia como defesa para o filho não fugir de casa, os pais de hoje temem a explosão emocional e reação de vingança dos filhos; também temem serem mal interpretados pelos especialistas e vizinhos de plantão.
Atualmente, a escola tem compromisso com a formação integral do ser humano, não bastando aprender determinados temas. Com a obrigatoriedade do ensino, as crianças estão na escola, com ou sem dificuldades em aprender.  Atualmente, a criança permanece na escola independente das suas dificuldades pessoais ou de sua família. Ou seja, a escola moderna deve atender a todos, independente de suas características. Então, a escola atual vai atender a diversidade.
Diferentemente da educação do passado, a escola contemporânea precisa articular diversos espaços para garantir a aprendizagem de seus alunos. Além de expandir o potencial criativo de crianças e jovens e criar laços com as famílias, as instituições de ensino do século XXI têm a tarefa de abrir suas portas e estabelecer parcerias e vínculos com as comunidades onde estão inseridas. Ou seja, a criança que entra na escola hoje não pode encontrar a mesma estrutura pedagógica de quando estudaram seus avós.
A educação brasileira, era muito mais precária, hoje apresenta avanços significativos no que diz respeito a fatores como infraestrutura, formação de professores, material didático, inovações tecnológicas, entre outros aspectos que deveriam favorecer a aprendizagem.
O ensino ofertado em nossas escolas públicas não tem conseguido dar conta dos aspectos mais básicos e primordiais da aprendizagem, como aquisição de leitura e escrita, por exemplo.
É comum ouvir de professores queixas do tipo os meninos de hoje não leem, decodificam; os alunos chegam ao final do ensino médio sem compreender o que leem e sem saber fazer uma redação; o aluno não consegue resolver um problema simples de matemática porque nem entende o problema, ou seja, o aluno não está mais aprendendo a ler e a escrever. Está chegando ao final da Educação Básica com deficiência séria nessa área. Sendo assim, todas as outras áreas do conhecimento ficam comprometidas uma vez que ele nem sabe escrever nem compreende o que lê.
Ao propor uma reflexão sobre a educação brasileira, vale lembrar que só em meados do século XX o processo de expansão da escolarização básica no país começou, e que o seu crescimento, em termos de rede pública de ensino, se deu no fim dos anos 1970 e início dos anos 1980.
Portanto vale frisar que não basta, como se pensou nos anos 1950 e 1960, dotar professores de livros e novos materiais pedagógicos. O fato é que a qualidade da educação está fortemente aliada à qualidade da formação dos professores. Outro fato é que o que o professor pensa sobre o ensino determina o que o professor faz quando ensina.
O desenvolvimento dos professores é uma condição para o desenvolvimento da escola. As exigências quanto a conteúdos, cadernos cheios e inúmeras tarefas que pouco contribuem no desenvolvimento das habilidades cognitivas, emocionais, físicas e sociais eram típicos do ensino de antigamente.
O desafio fundamental da escola, para acompanhar as mudanças do mundo, é evoluir para ser mais relevante e conseguir que todos aprendam de forma competente a conhecer, a construir seus projetos de vida e a conviver com os demais. Os processos de organizar o currículo, as metodologias, os tempos e os espaços precisam ser revistos. Isso é complexo, necessário e um pouco assustador, porque não temos modelos prévios bem sucedidos para aprender de forma flexível numa sociedade altamente conectada.
Portanto, ser educador na escola atual é lidar diretamente com as mudanças que ocorreram e ocorrem em sua prática profissional, como consequência das mudanças do ser humano e do mundo, ao mesmo tempo.  O mundo mudou e nossas escolas também.